O que aconteceu em 2023?
O sucesso dos M&As no middle-market é fortemente influenciado pelo otimismo ou pessimismo macroeconômico. Seguindo recordes de investimentos e transações em 2021, os mercados globais viram uma diminuição significativa nos lucros de M&A e Investment Banking (IB) em 2022 e 2023. A receita dos principais grupos de M&A, incluindo Morgan Stanley e Goldman Sachs, despencou em 2023, registrando lucros líquidos anuais nos menores níveis dos últimos quatro anos.
Paralelamente, bancos globais cortaram mais de 60.000 vagas em 2023, um dos maiores volumes de demissões desde a crise financeira de 2008, anulando muitas das contratações realizadas durante a pandemia de Covid-19.
Em escala mundial, 2023 marcou um ano desfavorável para fusões e aquisições, com a atividade caindo abaixo de US$ 3 trilhões pela primeira vez em dez anos. Contudo, dado que as taxas de juros parecem ter alcançado seus máximos e a recente valorização do mercado de ações vem estimulando mais negociações e IPOs, acreditamos que o pior já tenha sido superado.
O que causou esse resultado em 2023?
- Volatilidade e piora das condições macroeconômicas;
- Discrepância entre valuations de compradores e vendedores;
- Aumento do custo de financiamento;
- Falta de transparência.
Como será o middle-market de M&A em 2024?
A recessão que todos esperavam em 2023 nunca se materializou. Após elevações das taxas de juros por bancos centrais globais, a inflação mundial arrefeceu do pico próximo a 10% no verão de 2022 para uma taxa atual inferior a 5%. Apesar de a geopolítica (conflitos em Israel e Ucrânia) e os preços da energia serem fatores de risco, enxergamos mais elementos pressionando a inflação para a queda do que para o aumento.
- Certos setores, como manufatura, infraestrutura digital — incluindo data centers — e energia renovável, estão experimentando condições favoráveis que podem estimular mais fusões e aquisições em 2024. Para que um aumento significativo de M&As no Brasil se materialize, os agentes de mercado necessitam de uma indicação clara de que o Federal Reserve finalizou os aumentos nas taxas de juros. O elevado custo do capital afeta as operações empresariais; quando fica mais caro operar, as empresas tendem a reduzir o interesse em investir em M&As.
- As adversidades do mercado atual devem persistir até a primeira metade deste ano, com expectativa de melhora no segundo semestre. O valor total de M&As concluídos ou anunciados em 2023 alcançou US$3 trilhões, marcando uma redução de 15,8% comparado ao declínio de 23,4% do ano anterior. Essa desaceleração menos intensa, aliada a um trimestre positivo neste ano, indica um potencial renascimento em 2024. Contudo, a recuperação da atividade de M&As, esperada por muitos para o último trimestre de 2023, não se concretizou, mantendo os volumes de transações estáveis.
- As transações de M&A realizadas no próximo ano apresentarão múltiplos consideravelmente menores em comparação a 2023. A drástica transformação no ambiente empresarial levará os investidores a focar mais intensamente na dinâmica de preços e na avaliação de ativos, especialmente os ativos intangíveis.
Nossas Teses de Consolidação: Quais Setores para Ficar de Olho
- Agro
O setor permanece bastante fragmentado; a demanda crescente por biocombustíveis, particularmente para novas aplicações como o SAF, pode impulsionar as empresas líderes a adquirirem ativos de esmagamento de soja.
- Fertilizantes;
- AgroTech;
- Avicultura;
- Sementeiras.
- FemTech e Saúde da Mulher
Em 2023, o fundo de investimentos da XP realizou seis aquisições no segmento de reprodução assistida, incorporando-as à holding Fertgroup. O fundo de private equity possui outras 20 clínicas em seu radar. Gestoras internacionais, como KKR e Eugin, também investiram na consolidação deste mercado.
- Gravidez e maternidade;
- Fertilização in-vitro e congelamento de embriões.
- HealthTech
Houve um crescimento de 32% na quantidade de startups entre 2021 e 2022. Inovações no setor de saúde foram impulsionadas por avanços tecnológicos em telemedicina, monitoramento remoto de pacientes e integrações de big data. Os investimentos em healthtech aumentaram em 4700% em 2021.
- Gestão e PEP;
- Acesso à Informação;
- Wearables e IoT.